sábado, 7 de maio de 2016
Frases
"O sucesso reside em três coisas: decisão, justiça e tolerância." - Johann Goethe
"Dói e é incômodo. Vontade de não saber perdoar, de não ser compreensivo, tolerante — de não me contentar com o pouco." - Caio Fernando Abreu
"Uma luz pela paz, pela tolerância, pelo amor, pela magia e por todos vocês." - Anahí Portilla
"A intolerância é intrínseca apenas ao monoteísmo: um deus único é, por natureza, um deus ciumento, que não tolera nenhum outro além dele mesmo." - Arthur Schopenhauer
"Nenhuma qualidade humana é mais intolerável do que a intolerância." - Giacomo Leopardi
"Aprende-se a conhecer por três semanas, ama-se por três meses, discute-se por três anos, tolera-se por trinta anos - e os filhos recomeçam." - Hippolyte Taine
"O pior governo é o mais moral. Um governo composto de cínicos é frequentemente mais tolerante e humano. Mas, quando os fanáticos tomam o poder, não há limite para a opressão." - H. L. Mencken
Source - Pensador UOL
Maiores casos de intolerância religiosa
Caso Dreyfus
1894 - 1906
O Caso Dreyfus foi um escândalo político que dividiu a França no fim do século XIX. Tudo foi causado por um falsa acusação de alta traição contra Alfred Dreyfus, um oficial do exército de origem judaica.
Genocídio Armênio
1915 - 1917
O Genocídio Armênio foi a matança e a deportação forçada de 1 milhão de pessoas de origem armênia que vivam no Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial.
Holocausto
1941 - 1945
O Holocausto foi o extermínio premeditado de 6 milhões de judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. É, até hoje, o maior exemplo de intolerância religiosa e cultural.
Questão Israel-Palestina
1949 - 2011
É um confronto religioso que perdura até os dias atuais, e que já matou milhares de pessoas em dezenas de guerras. Hoje em dia chama a atenção por um possível confrontamento entre Israel e Iran.
Conflito em Darfur
2003 - 2011
O Genocídio em Darfur é um conflito entre muçulmanos e não muçulmanos, localizado no oeste do Sudão. Desde o início do confronto, estima-se que tenham morrido 400.000 pessoas, vitimas do conflito.
sexta-feira, 6 de maio de 2016
Muçulmanos estão entre as principais vítimas de intolerância religiosa no Rio
Insultos, cusparadas, pedradas e ameaças de morte são algumas das denúncias de agressões contra muçulmanos no Rio de Janeiro nos últimos meses.
Depois dos adeptos das religiões de matriz africana, os seguidores do islã são os que mais sofrem com a intolerância religiosa no estado, segundo o Centro de Promoção da Liberdade Religiosa e Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos e Assistência Social. Desde janeiro, pelo menos uma denúncia é recebida mensalmente. A estimativa é que haja 2 mil muçulmanos vivendo no Rio.
Os números destoam dos demais estados do Brasil. Apenas cinco denúncias de Islamofobia foram feitas ao Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. As mulheres, mais facilmente identificadas nas ruas pelo uso do véu, são as principais vítimas de violência.
A aeromoça Ana Cláudia Mascarenhas, 43 anos, levou um soco de um homem após ser xingada de terrorista em pleno centro da cidade.
“Fui fazer exame médico e notei que uma pessoa me seguia. Ele parou atrás de mim, começou a me xingar e a dizer que odiava terroristas. Fiquei quieta, pois não sou terrorista. Quando o sinal abriu, ele me puxou pelo braço, repetiu que odiava terrorista e me deu um soco no rosto. Saí correndo como louca, sem olhar para trás. Se às 7h, com toda aquela gente na rua, ele fez isso, não gosto de imaginar o que faria se eu reagisse ou respondesse”, afirmou Ana Cláudia.
Um dos casos denunciados ao Centro de Promoção da Liberdade Religiosa e Direitos Humanos foi um trote universitário com uma estudante muçulmana. Colocaram fogo no hijab [véu] da menina, que acabou tendo o couro cabeludo queimado.
A coordenadora do centro, Lorrama Machado, lamentou que, durante um curso de formação para peritos criminais da Polícia Civil sobre o tema, um agente tivesse comentado que pessoas como a menina mereciam morrer.
“A equipe ficou em choque. Por sorte, outros colegas do perito o contestaram e vimos que era uma posição isolada. Mas esse policial, agora formado, pode um dia ser responsável por analisar um crime contra um muçulmano”, disse Lorrama. “Que tipo de laudo ele dará com essa opinião sobre muçulmanos? Por isso é importante informar e conscientizar”, acrescentou.
A Lei 7.716, de 1989, protege fiéis de todas as crenças, prevendo cadeia para quem cometer crimes de intolerância religiosa. De acordo com o assessor de Comunicação da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro (SBMRJ), Fernando Celino, muitos policiais não são treinados para identificar crimes de intolerância religiosa.
Segundo Celino, uma muçulmana que frequentava a mesquita já fez dois boletins de ocorrência contra o vizinho que a ameaçou de morte mais de uma vez, mas os policiais tratam o caso como briga de vizinho. "Por isso, o assédio continua. Há muitas delegacias que tipificam um caso desse de forma errada, como calúnia, injúria ou qualquer outra coisa, sem dar a real importância, tratando como um crime menor.”
Fernando Celino informou que outro caso de intolerância ocorreu no início do ano, quando um motorista de ônibus expulsou a passageira, dizendo que não transportava mulher-bomba. Também neste ano, uma professora de inglês teve o emprego ameaçado por pais de alunos que pediram ao dono do curso para que a demitisse, pois não queriam "mulher de Bin Laden" dando aulas para os filhos.
“Outra muçulmana foi tema de reunião de condomínio. Os moradores queriam a saída dela e de sua família do prédio por medo de que escondessem bombas. Somos um estado muito acolhedor quando o assunto é samba e turismo, mas não aceitamos o novo”, criticou Lorrama. O fato mais recente foi de apedrejamento, seguido de cusparadas a uma moça em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense.
A atendente de telemarketing, Ana Carolinha Jimenez, 22 anos, também passou pela humilhação de ser atingida por uma cusparada. “Estava no ponto de ônibus. Alguns jovens no ônibus começaram a falar bobagem e a me xingar. Quando o ônibus partiu, eles cuspiram. Senti uns respingos, limpei e continuei olhando para frente.”
Se as agressões físicas não são rotina, o desrespeito é diário. “Ouço risadas pelo menos uma vez por dia. As pessoas apontam, se cutucam. A maioria acha que nem somos brasileiras. A primeira coisa que falam é: 'volta para seu país'”, disse Ana Cláudia.
De acordo com a coordenadora do centro, mais de 90% das vítimas são brasileiras natas, que se converteram ao islamismo na idade adulta.
Mercado de trabalho
O preconceito também é um obstáculo para as mulheres no mercado de trabalho. Ana Carolina passou por cinco entrevistas e em todas a retirada do véu durante o trabalho era pré-condição para a contratação. “Fiz vários cursos de especialização em secretariado executivo e sou fluente em inglês. As pessoas gostam do meu currículo, mas querem que eu tire o véu, mesmo eu afirmando que ele não atrapalha meu desempenho. Para mim, é como seu tivesse de trabalhar de sutiã. O véu não é um acessório para a cabeça.”
Após mais de 100 currículos distribuídos e um anos depois, ela conseguiu emprego como assistente de telemarketing. “Para mim, é frustrante, mas sou grata a essa oportunidade, pois estava precisando.”
Ana Cláudia trabalha sem o véu a contragosto. Como está na empresa há muitos anos e essa é a principal renda da família, não tem como abdicar do emprego. “A vestimenta faz parte da religião. Até tentei levar isso adiante, mas sou a única muçulmana na empresa. Saio do avião e coloco o véu. Para mim é muito difícil.”
Dossiê
As denúncias se intensificaram em 2015, de tal modo que, em julho, o centro encaminou aos ministérios Públicos federal e estadual um dossiê elaborado pela SBMRJ sobre casos de islamofobia pela internet. O documento também foi entregue à Polícia Civil e Delegacia de Crimes de Internet e à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. A Polícia Civil e o Ministério Público já começaram a investigar o caso.
No documento, são denunciados páginas e vídeos na internet que atacam a religião islâmica com inverdades sobre Maomé, principal profeta do Islã. Há fotos de muçulmanos brasileiros, acusados de terroristas. Ainda segundo o dossiê, a maioria das páginas afirma que o terrorismo é algo intrínseco ao islã.
Conforme o dossiê, em uma das páginas, a circuncisão é descrita como mutilação imposta pelo iIslã às mulheres, "quando, na verdade, é recomendada pela religião aos homens". Em outra página, há uma referência inexistente no Alcorão de que o islã permite o estupro. Segundo a SBMRJ, esse tipo de iniciativa contribui para que mulheres muçulmanas sejam agredidas.
Coordenador de Diversidade Religiosa do governo federal, Alexandre Brasil Fonseca informou que o Ministério da Justiça, em pareceria com outros ministérios e órgãos do governo, já se mobilizou para apurar as denúncias.
“O caso está sendo investigado por um grupo de trabalho de combate a crimes de internet. Como Estado, é importante garantir essa atividade religiosa, assim como combater as ações de preconceito e discriminação, que, infelizmente, temos notificado.” Fonseca destacou que cerca de 35 mil pessoas se declararam seguidores do islamismo no Censo de 2010.
O governo do Rio lançará uma campanha até o fim do ano para combater atos de intolerância e violência contra muçulmanos. A campanha é fruto de uma articulação entre as secretarias de Direitos Humanos e Assistência Social e das Mulheres e do Trabalho.
“Prezamos muito a paz, a confraternização e o bom relacionamento com as pessoas, o contrário do que dizem do islã. Respeitamos todos, mas não somos respeitados”, disse a jovem Ana Carolina.
"Temos uma ótima relação com todas as religiões. E temos um interesse em comum, que é o direito constitucional à liberdade de crença. Não pedimos nada além disso", concluiu Fernando Celino.
Evangélicos invadem igreja e destroem imagens de santos
SÃO PAULO - Por causa de religião, dois jovens evangélicos invadiram a igreja matriz, no centro de Sacramento, em Minas Gerais, e destruíram oito imagens de santos nesta quarta-feira, 16. Um dos rapazes, de 20 anos, foi localizado e alegou ter feito isso por não concordar com a idolatria às estátuas comum na Igreja Católica. Ele foi autuado e foi preso. Outro suspeito fugiu e está sendo procurado.
O ataque revoltou os católicos da cidade, pois um dos alvos foi a imagem de Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, tombada pelo Patrimônio Histórico e que aguardava data de coroação no Vaticano.
A prefeitura local divulgou uma nota lamentando a "violência religiosa".
Falta de conhecimento é impulso para intolerância religiosa
“Senhor, piedade”. A prece presente no trecho da música “Blues da Piedade”, do cantor e compositor Cazuza, expressa, de forma literal, o pedido de milhares de cidadãos brasileiros que, mesmo vivendo em um país dito laico em sua Constituição Federal, temem expressar suas tradições e cultuar a sua religiosidade.
É cada vez mais comum nos depararmos com manchetes de jornais relatando agressões justificadas pela religião. Ataques a terreiros, centros espíritas, destruição de imagens santas, xingamentos e até mesmo agressões físicas colocam em xeque a laicidade do País que, através da Constituição Federal de 1988, garante a liberdade de expressão religiosa a todo cidadão. Além disso, a liberdade ao culto também é garantida a religiosos.
Crimes ligados à intolerância religiosa existem desde os primórdios. Ao analisarmos a história mundial, tomamos conhecimento de diversos momentos em que a religião foi usada como motivo para a discórdia. No Brasil, essa questão foi pontual desde a chegada dos primeiros colonizadores, brancos e católicos que, ao se depararem com os nativos, usaram a força para impor sua religião. Tempos depois, a intolerância religiosa e cultural ganhou força com a chegada dos escravos africanos.
Atualmente, a mesma ignorância em aceitar o diferente tem gerado crimes. Em Rondonópolis (218 Km de Cuiabá), vândalos atearam fogo em um Centro Espírita (Associação A Caminho da Luz), em meados do mês de julho deste ano.
A Associação - que faz trabalhos de evangelização para adultos e crianças nos bairros próximos à sede, além de distribuição de sopa e tratamentos espirituais - foi vandalizada e teve portas arrombadas, salas queimadas e destruição de patrimônios. Segundo a presidente do Centro, Elcha Britto, este foi o quarto ataque ao local. “Nós estamos com medo de novas retaliações e destruições da Associação. Nas duas primeiras vezes que o lugar foi arrombado não denunciamos, mas a partir daí fomos à polícia e agora tememos novas investidas”, disse Britto ao Circuito Mato Grosso.
Em julho deste ano um caso ganhou repercussão nacional. Dessa vez o cenário foi o Rio de Janeiro e como personagem uma menina de apenas 11 anos, apedrejada ao sair de um terreiro de Candomblé, por conta de fanatismo religioso. O caso chocou o País, não apenas pela intolerância religiosa, mas pela violência física contra uma criança.
Praticantes de outras religiões também têm relatado sofrimento e preconceito, como é o caso de mulheres islâmicas que sofrem repúdio porque usam véu. Homens judeus têm os chapéus, chamado quipás, retirados à força em revistas policiais, e católicos são agredidos fisicamente e têm símbolos de sua religião, como santos e terços, destruídos pela intolerância.
Em Mato Grosso o delegado Luciano Inácio, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi designado, há pouco mais de um mês, para cuidar especialmente de casos relacionados à intolerância religiosa.
Luciano explica que ainda não há dados específicos com essa tipificação, mas relata que já tem alguns casos em análise. “Temos um, por exemplo, de um Centro Espírita que relata arrombamentos, depredação e até apedrejamento, no Bairro Santa Laura, aqui em Cuiabá”.
Para Luciano Inácio a grande maioria dos casos relacionados à intolerância é voltada a religiões de matrizes africanas. “Elas são muito incompreendidas, seus rituais são mal vistos e já foram perseguidos até pelo Estado, em outros tempos. Há uma associação negativa atrelada ao mal, a sacrifícios e coisas similares. Essa campanha negativa é fruto do desconhecimento” aponta o delegado.
No Brasil, muçulmanos combatem intolerância religiosa
RIO — Um véu cai sobre o rosto de Martha Gomes Jardim. Com um vestido que não deixa seu corpo à mostra, a brasileira, que se converteu ao Islã há três anos, descreve ter temido por sua segurança imediatamente após os ataques terroristas na França. Demonstrando firmeza, ela garante, ao contrário do relato de outras muçulmanas no Brasil, que não deixará de sair de casa por medo de retaliações.
— Senti receio e pensei que os atentados poderiam representar perigo para mim e para as muçulmanas de modo de geral. Mas logo pensei que não deveria sentir medo e enfrentar com naturalidade — conta Martha, natural de Curitiba.
Os ataques ao jornal satírico “Charlie Hebdo“ e a um mercado de produtos judaicos neste mês tiveram reflexos no Brasil, com registros de casos de agressão a muçulmanos e aumento da preocupação com a discriminação religiosa. Pela primeira vez, atos de violência foram cometidos em série contra fiéis, de acordo com a Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro (SBMRJ).
Em São Paulo, a Mesquita Brasil, a maior do país, foi alvo de pichações, enquanto o carro de um islamita sofreu ação de vândalos. Em gestos ainda mais agressivos, uma mulher levou uma pedrada na perna e outra, chamada de “muçulmana maldita”, recebeu uma cusparada.
Embora a comunidade muçulmana não considere que os casos representam um fenômeno, há uma preocupação com a visão do público sobre o Islã — cujo nome deriva da raiz árabe “Salam”, que significa paz. Representantes tentam desvincular a religião da ação de radicais e ressaltam a boa convivência entre fiéis de diferentes crenças.
— Vivemos normalmente no Brasil, salvo em ocasiões excepcionais. O que ouvimos muito são piadas e brincadeiras. Não é de hoje que o Islã é caracterizado por inúmeras distorções. As pessoas que só o conhecem por meio de filmes e da mídia em geral irão formar uma opinião de que todos os muçulmanos são violentos e radicais — avalia Sami Isbelle, diretor da SBMRJ.
Acostumado com a informalidade dos brasileiros, o argelino Sofiane Faci, residente no Rio, conta já ter sido chamado de homem-bomba até por um policial. Ele atribui o comentário à falta de conhecimento e à reprodução de estereótipos. Faci chama atenção ainda para a diferença da relação com os muçulmanos no Brasil e na França, onde morou por nove anos.
‘O que ouvimos muito são piadas e brincadeiras. Não é de hoje que o Islã é caracterizado por inúmeras distorções. As pessoas que só o conhecem por meio de filmes e da mídia em geral irão formar uma opinião de que todos os muçulmanos são violentos e radicais.’
— Não há muitos muçulmanos no Rio. A maioria dos meus amigos não tinha costume de sair e conviver com muçulmanos. Uma reação ingênua é reproduzir discursos preconceituosos sem a intenção de ser preconceituoso. Mas recebo de maneira leve. Aqui, a pessoa faz o comentário com um sorriso enorme, sem revelar ódio ou superioridade. Na França é diferente. Você sabe que a pessoa realmente pensa o que está falando — diz ele.
O argelino expressou preocupação com o aumento da intolerância religiosa no mundo e no Brasil, principalmente com as mulheres que usam véu.
— Soube do caso de uma muçulmana no Rio que está evitando sair de casa por medo. Isso é muito triste. A mídia tem que fazer alguma coisa para não criar esse preconceito. Para os homens é mais fácil. Não está escrito na minha testa que sou muçulmano — afirma Faci, acrescentando ter sentido cansaço após dias de intensos debates sobre os ataques em Paris. — É preciso separar claramente as três pessoas que cometeram os atentados do resto da comunidade. Não tenho que me justificar em relação ao que eles fizeram, mesmo que reivindiquem o Islã. Qualquer pessoa pode reivindicar o Islã. Por que tenho que me responsabilizar?
PRECONCEITO VELADO
De acordo com o brasileiro Fernando Celino, convertido ao Islã há nove anos e membro da SBMRJ, períodos pós-atentados terroristas trazem à tona um preconceito velado no Brasil.
— Aqui não há um preconceito claro. Fica mais no campo da brincadeira. Quando acontecem crimes bárbaros como os da França, no entanto, vê-se uma escalada da islamofobia no mundo. Infelizmente, o Brasil sente esse reflexo e um preconceito escondido acaba se mostrando mais claramente — afirma.
Os números sobre a comunidade muçulmana no Brasil divergem. Enquanto o Censo contabiliza cerca de 35 mil, instituições islâmicas apontam mais de 1 milhão. No Rio, há apenas uma mesquita, frequentada por cerca de 300 membros.
Para o xeque sírio Mohamad Al Bukai, que vive em São Paulo, é preciso combater a intolerância religiosa com mais conhecimento sobre o Islã.
— O Brasil é um país feito por muitas culturas que sempre conviveram juntas. A consciência do brasileiro vai diferenciar o Islã como religião e o terrorismo como um crime que não tem religião — destacou Bukai, que esteve no Rio participar de um evento sobre intolerância religiosa. — Qualquer preconceito é fruto da ignorância, que é combatida com o conhecimento.
Quase 1.000 casos de intolerância religiosa foram registrados no Rio em 2 anos
Quase 1.000 casos de intolerância religiosa foram registrados pelo Ceplir (Centro de Promoção da Liberdade Religiosa & Direitos Humanos) no estado do Rio de Janeiro, em dois anos e meio. Entre julho de 2012 e dezembro de 2014, foram registradas 948 queixas. As denúncias envolvendo intolerância contra religiões afro-brasileiras totalizaram 71% dos casos.
Os dados estão em um relatório preliminar divulgado nesta terça-feira (18) pela organização não governamental CCIR (Comissão de Combate a Intolerância Religiosa), em audiência pública na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado).
Outro dado mostrado pelo relatório é que, de janeiro de 2011 a junho de 2015, o Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República recebeu 462 denúncias sobre discriminação religiosa.
O documento também mostra que a intolerância religiosa virtual vem ganhando destaque nos registros das denúncias, o que demanda a atenção das autoridades para caracterizar juridicamente as situações apresentadas e definir as devidas punições aos infratores.
Presente à audiência, o deputado estadual Átila Nunes destacou a importância de se ter uma delegacia especializada no combate à intolerância, devido à grande dificuldade de registro dos casos de discriminação religiosa em delegacias policiais.
— Quase todo mês temos flagrantes de perseguição religiosa. O que temos no Rio de Janeiro é quase um pequeno Estado Islâmico. Hoje, eu só acredito na força da lei através da criação de uma delegacia especializada para esses casos e na ação da Polícia Civil contra os fanáticos.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, Marcelo Freixo, os crimes de ódio têm de ser enfrentados e é preciso pensar em formas preventivas. Para ele, falta vontade política para combater esses crimes.
— É importante que os boletins de ocorrência tenham um espaço para deixar claro que o crime tenha alguma motivação de intolerância religiosa.
quinta-feira, 5 de maio de 2016
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA AFASTA PROFESSORA DE ESCOLA NA PRAÇA SECA, NA ZONA OESTE
Rio - A intolerância religiosa provocou mais uma vítima em escola no Rio de Janeiro, desta vez uma menina de 11 anos, aluna de um colégio particular na Praça Seca, em Jacarepaguá, Zona Oeste.
Iniciada no fim do ano passado no candomblé, religião de seus pais e suas irmãs mais novas, C.T., aluna do 6º ano do Ensino Fundamental, acusou uma professora de constrangimento e de tê-la proibido de assistir à aula com um adereço feito de palha e amarrado aos antebraços, conhecido no candomblé como contraegum.
“Ela disse que eu não poderia ficar na aula porque o contraegum não fazia parte do uniforme e eu, sem saber o que fazer, saí de sala”, disse a estudante, abatida.
A mãe de C. contou que se assustou ao ir buscar a filha na escola, na quinta-feira passada. Disse que a garota estava acanhada e, ao ver a mãe, começou a chorar sem saber o que fazer. Orientada pelo advogado da família, a mãe foi à 28ª DP (Campinho) prestar queixa contra a escola e a professora.
“Se ela não pode usar uma fita no antebraço, por baixo do uniforme, outras crianças também não podem usar pulseiras, cordões e medalhas. O que vale para um tem que valer para todo mundo”, disse a mãe da criança.
O babalorixá da família, Pai Marcus de Oxóssi, bisneto da famosa Mãe Menininha do Gantois, lamentou que ainda tenha que conviver com preconceito e intolerância, principalmente em escolas, onde o que deveria ser ensinado é o oposto.
“Infelizmente, em pleno século XXI, temos ainda casos e mais casos de intolerância religiosa”, disse o babalorixá.
A polêmica, desta vez, parece ter sido contornada sem a necessidade de intervenção judicial. A família da jovem foi procurada pela escola, e informada que a professora foi afastada do cargo. Também foi oferecida uma bolsa de estudos à aluna.
“A escola entendeu o problema e procurou se redimir. Isso é importante para servir de exemplo para os alunos”, disse a mãe da estudante.
http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-02-11/intolerancia-religiosa-afasta-professora-de-escola-na-praca-seca-na-zona-oeste.html
Filmes sobre Intolerância Religiosa
PARADISE NOW
Fanatismo é a primeira palavra que vem à cabeça, geralmente seguida por imagens estereotipadas de osamas-bin-ladens genéricos, segurando explosivos numa mão e uma AK-47 na outra, enquanto gritam Alá e pressionam o botão da bomba. Paradise now (2005), filme do israelense Hany Abu-Assad, acaba com tudo isso.
UMA GARRAFA NO MAR DE GAZA
Tanto Tal (Agathe Bonitzer) quanto Naïm (Mahmud Shalaby) nasceram em um terreno de terra queimada, onde os pais costumam enterrar seus filhos. Entretanto, as vidas deles são bem diferentes. Tal tem 17 anos, é judia e mora em Jerusalém, enquanto que Naim tem 20 anos, é palestino e mora em Gaza. Apenas 60 milhas os separam em relação à distância, mas o histórico de guerra entre os povos é um grande complicador. Só que uma garrafa jogada ao mar pode mudar a situação entre eles, trazendo forças para que suportem esta dura realidade.Como estamos quase do outro lado do mundo, nós, brasileiros, muitas vezes recebemos de forma passiva as informações vindas da disputa entre Israel e Palestina. Quando emitimos opinião, de forma geral, optamos por uma vilanização ou vitimização de quaisquer das partes. Por isso, é fascinante quando nos deparamos com uma obra que busca debater tal complicada vizinhança como ainda o faz através dos olhos de inocentes.
SANGUE NEGRO
Virada do século XIX para o século XX, na fronteira da Califórnia. Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) é um mineiro de minas de prata derrotado, que divide seu tempo com a tarefa de ser pai solteiro. Um dia ele descobre a existência de uma pequena cidade no oeste onde um mar de petróleo está transbordando do solo. Daniel decide partir para o local com seu filho, H.W. (Dillon Freasier). O nome da cidade é Little Boston, sendo que a única diversão do local é a igreja do carismático pastor Eli Sunday (Paul Dano). Daniel e H.W. se arriscam e logo encontram um poço de petróleo, que lhes traz riqueza mas também uma série de conflitos.Filme poderoso, daqueles que não deixam o espectador sem opinião ao fim da sessão, é também um filme que cresce dentro da gente com o tempo - e com o tempo surgem novas interpretações.
PERSEPOLIS
Persépolis te prende de uma forma indignante, não só porque você fica indignado com as injustiças e opressões, mas porque você se mostra solidário com a situação de Marjane durante o filme e por vezes até se identifica de forma pesada. De alguma forma ou de outra você se reconhece em determinada situação do filme, sabe o que ela passa.
Intolerância Religiosa no Brasil
"Os principais líderes religiosos do país refletem sobre a questão do preconceito. Referências para o budismo, o judaísmo, o protestantismo, o catolicismo e outras religiões compartilham suas visões sobre como enfrentar a intolerância e construir uma sociedade mais pacífica e igualitária.''
Música sobre intolerância religiosa
Qual sua cor?
Qual sua religião?
Qual a sua ideologia?
Qual a sua nação?
Qual seu nome?
De onde você vem?
Sua classe social?
Quanto dinheiro tem?
Será que isso importa?
Eu quero uma resposta!
Enquanto isso
Neonazis de armas na mão
Espancam e humilham
Um pobre cidadão
Não,não
E a discriminação
Não a miséria e a fome
Falsa libertação
Não ao Neonazismo
E a ignorância
Não a desgraça coletiva
Não a intolerância
Cruzes queimam no seu jardim
A Guerra Santa já começou
Estrangeiros morrem em Berlim
Nova York,Paris.Londres e Moscou
É a solução final
Conflito racial
Entenda isso se for capaz
É na diferença que nós somos iguais
Não utilizamos a inteligência que temos
Voltados uns contra os outros
Mate o seu próprio povo
E aí o sistema
Te vence de novo
Não seja um pilantra
Patife,canalha
Não deseje o mal
Não mande o seu filho pra vala
Não destrua o futuro
Pensando em vingança
Genocídio ou suícidio
É intolerância!
Criança é vitima de intolerância religiosa no Rio
Hitler e a intolerância religiosa
Adolf Hitler escreveu:"Os judeus sempre foram um povo com características raciais definidas e nunca uma religião."
"A natureza é cruel; então também estamos destinados a ser cruéis. Ao enviar a flor da juventude alemã para a chuva de metais da guerra sem o menor remorso pelo precioso sangue deles que está sendo derramado, eu deveria ter o direito de eliminar milhões de uma raça inferior que se multiplica como verme. "
"A grandeza de toda poderosa organização incorporando uma idéia neste mundo repousa no fanatismo religioso e na intolerência com a qual fanaticamente se convencem de seus direitos, impondo com intolerância contra todas as outras."
"Como cristão não tenho a responsabilidade de me permitir ser enganado, mas tenho a obrigação de lutar pela verdade e justiça."
"O holocausto é a solução definitiva para os judeus."
"Acredito hoje que minha conduta está de acordo com a vontade do Criador Todo-Poderoso.
Traçando um paralelo, Hitler não via os judeus como religião. O nobre Dom Vicente Scherer também não. A intolerância religiosa tanto num caso, como no outro tem sua raiz comum, o racismo. Claro na declaração do arcebispo, que encarava a umbanda como: "crendices absurdas que os infelizes escravos trouxeram das selvas de sua martirizada pátria africana." Cristalino em toda a história do holocausto.
Por isso, a intolerância religiosa nesses casos, também é um ato racista.
seguem abaixo algumas imagens para refletirmos mais sobre a intolerância religiosa: